Capítulo 1:
APRENDA: TUDO
NA VIDA TEM UM PREÇO!
Com apenas 18 anos eu não era obrigada a viver tudo aquilo que o
destino estava me impondo! Uma vida miserável e sem futuro. Eu desejava crescer
e o desejo foi tanto que atraiu uma oportunidade, até então a melhor
oportunidade que poderia ter me aparecido.
Estava nos meus últimos dias de colégio, e
um homem qualquer entregava panfletos na calçada em frente. Após dizer que eu
era uma bela garota, me convenceu a ler o que havia escrito naquele papel
amarelo e chamativo: "Testes para Modelo". Estava estampado em letras
garrafais. Aquele anúncio chamou a minha atenção, porém não foi o suficiente
para me convencer de ir ao local indicado no panfleto.
Em descuido meu, após fugir de mais uma
briga com meu pai, me abriguei na casa da minha melhor amiga, Cíntia, uma das
razões para não achar minha vida tão desprezível... Enfim, em um descuido a
Cíntia achou o panfleto sobre testes para modelo . E, após pensar algum tempo,
me convenceu de fazê-lo.
No começo via tudo como uma grande
idiotice, mas confrontos e mais confrontos se repetiam no decorrer dos dias, e
eu não aguentava mais o inferno que era a minha casa, sendo o diabo o meu
próprio pai! Eu tinha que achar algo para apagar todo aquele passado de merda
da minha mente! E um único panfleto, pequeno e imbecil, foi a minha salvação.
Era uma tarde de sexta feria, tinha sido
meu último dia de aula, o último dia que eu havia entrando em um colégio, pois
foi o termino do meu ensino médio, e então eu me via caminhando em direção ao
endereço desconhecido, com a minha amiga em meu encalço, apoiando toda aquela
burrada.
O teste era em um galpão, uma antiga
fábrica de tecidos. E enquanto esperei pela minha vez cheguei a perguntar para
alguns poucos funcionários que estavam presentes, o porque daquele local, e
simplesmente afirmaram: "Vintage!". Eu não entendia nada de moda, mas
se fosse preciso virar a Kate Moss para acabar com a bosta que estava sendo a
minha rotina, eu me tornaria com o maior prazer!
Fui aceita, minha amiga não. Sim, a Cíntia
também fez o teste, mas de acordo com o empresário que nos analisou "ela
não fazia o perfil da agência". Minha viagem foi marcada para uma semana
depois.
Uma semana em que apenas sonhei na mudança
que minha vida teria. Ia para Londres, um lugar que sempre admirei vendo fotos
pela internet e ouvindo a sua história nas aulas do colégio. Era um lugar onde
tudo o que desejei se realizaria: uma faculdade, um namorado, quem sabe um
cachorro!
Não nego que fiquei um pouco triste em me
afastar da Cíntia, mas aquilo era necessário.
E finalmente o grande dia chegou. Não foi
difícil ir embora. A casa não me trazia boas lembranças, o voo era no final da
tarde, meu pai mofava no sofá, como sempre, e eu arrestei minhas duas pequenas
malas pela cerâmica desgastada.
O encontro não era no aeroporto, era no
galpão em que foi feito os testes. A primeira parte estranha de tudo o que
aconteceria. E na parte de trás daquele grande prédio gasto e velho, havia uma
grande pista de pouso, improvisada e tomada pelo mato, provavelmente
clandestina. Explicaram que íamos em um avião particular.
Adolescente burras e iludidas que éramos,
acreditamos, e até sorrimos ao entrarmos num pequeno avião fedido e barulhento.
Em torno de 50 garotas, no mínimo, num
cubículo que não cabia nem 30! O calor era infernal, a fome erra terrível.
Procuramos nossos direitos, mas ninguém nos dava a atenção. Fizemos uma escala
no nordeste, trocando para um avião um pouco maior, nem por isso mais limpo e
aquecido. Daí em diante seria mais fácil seguir para Londres.
Fácil? Apenas uma maneira de falar, porque
na verdade foi o inferno na terra. Nem mesmo conseguíamos dormir com a
quantidade de turbulências que tivemos de enfrentar. A fome era terrível e o
cheiro forte de combustível saia de algum lugar não encontrado. Havíamos
cansado de pedir comida ou água. Aceitávamos que "éramos futuras modelos e
temos que nos manter famintas o suficiente para sermos magras
e contratáveis".
Fomos obrigadas a ficar caladas, pedindo a
Deus que chegássemos logo a Europa. Ou então, em alguns trechos, ainda
conversamos entre a gente. Cheguei a conhecer uma garota, do interior de São
Paulo, chamada Amélia. Era um pouco caipira, porém muito bonita. Simpática e
assustada logo entramos em um papo que foi a única coisa boa que consegui
captar daquele maldito voo.
Inglaterra. Finalmente o avião fez suas
manobras para chegar em terra. Era começo da noite e mais uma vez parecia uma
pista de pouso clandestina. Meu cérebro já começava a despertar pensamentos
adversos a toda aquela situação. Havia algo de errado... Mas o que? Não tive tempo
de concluir e nem mesmo de sorrir com o vento frio que tocou em minha pele.
Vários brutamontes apareceram do nada, vindos de uma caminhonete enferrujada.
Agarraram o braço de muitas garotas, inclusive o meu, formando um cerco. Eram
as brasileiras no meio de homens mal encarados e nojentos. Estávamos
assustadas, alguma corajosa chegou a gritar o que acontecia.
E então todo o sonho de crescer na vida foi
por água abaixo. Sim, aquilo foi uma emboscada, e não, não seríamos modelos.
Tudo não passava de um plano para pegar garotas idiotas e fazê-las prostitutas
na Inglaterra. De pensar que isso acontecia apenas em países de terceiro
mundo... Cá estava eu, na Inglaterra, descobrindo que todos os meus planos,
mais uma vez, foram jogados ao vento.
A notícia foi dada com várias gargalhadas.
Garotas se desesperaram, tentaram correr. Algumas tiveram suas roupas rasgadas
e perderam sua inocência ali mesmo, na minha frente. Uma delas foi a Amélia. Eu
não pude ajudá-la, por mais que eu quisesse, mas não consegui me mover. Apenas
chorava, chocada com tudo aquilo. Havia entrado em um estado de choque.
Não protestei quando senti meu corpo sendo
puxado e levado para longe da minha amiga momentânea. Seus olhos parados me
encaravam buscando alguma solução, mas eu não podia lhe entregar nenhuma, pois
eu estava tão perdida quanto ela.
Colocaram um saco preto em minha cabeça, me
jogaram em um lugar qualquer. Sentia cheiro de urina e um pouco de vômito. A
fome foi misturada com náusea e logo desejei voltar a minha vida medíocre ao
lado do meu pai bêbado.
A partir daí as coisas apenas pioraram.
Fui levada a um provável bordel, em um
quarto velho e com cheiro de sexo, lá me deram um pão mofado e uma água suja.
Estava tão faminta que fui obrigada a comer. Do lado de fora os homens decidiam
meu futuro e quando finalmente tive forças para gritar e parar de me sujeitar
aquela situação, deram heroína e fiquei sendo drogada por alguns dias, até
finalmente parar onde parei.
Agora a história está mais perto do que eu
vivo.
Meu destino nesse grande país poderia ter
sido pior. Mas Deus não foi tão ruim comigo. Colocou em minha vida uma senhora,
uma prostituta, um cortesã, a dona de um dos bordéis mais frequentados por
homens jovens. Ela foi com a minha cara, mesmo eu não conseguindo decifrar nem
qual era cor dos seus cabelos. Depois de um tempo soube que a minha aparência,
as minhas feições, lembravam a sua falecida filha.
Mesmo com a bondade da senhora Paloma, uma
espanhola que veio para Inglaterra com seus 13 anos, não pude fugir das minhas
obrigações. E com 18 anos fui obrigada a me deitar com meu primeiro homem. Um
idiota barbudo, fedorento e com cheiro de álcool. Provavelmente estava ali para
trair a sua mulher. Não dava para sentir prazer, apenas repugnância.
Mas eu não podia reclamar. Dona Paloma me
dava abrigo, dinheiro, comida, roupa lavada e quase tudo o que quisesse menos
liberdade. Não era sua culpa, tinha que cumprir sua promessa com os superiores,
ou não viveria para contar histórias. E assim foi minha vida durante vários
meses... Uma dançarina, uma prostituta de um bordel qualquer. Meus sonhos foram
jogados fora, minha esperança foi junto, mas existe uma luz no fim do túnel
para dizer que não é a hora do fim. Talvez seja apenas um começo... O começo em
que meu destino pode ser mudado, estando na mão de 5 rapazes,rapazes que vão
fazer da minha vida menos miserável.
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